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Sexta-feira, 29 de junho de 2018

Entrevista com Marilane Teixeira, economista e doutora em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da UNICAMP

Economista e pesquisadora, Marilane Teixeira é Doutora em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da UNICAMP, mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia São Luiz.

PORTAL ADVERSO - Quando iniciou e quais são as principais características da 4ª Revolução Industrial?

Marilane Oliveira Teixeira - As inovações tecnológicas vêm gerando mudanças na produção industrial desde o início do século XX. O elemento novo nesse processo é a economia digitalizada, considerada a grande responsável pelas transformações na produção da forma como a conhecemos hoje. A origem do termo “indústria 4.0” ou 4ª Revolução Industrial está associada às pesquisas de alta tecnologia realizadas, inicialmente, pela Alemanha. Desde então, o termo “Indústria 4.0” ou 4ª Revolução Industrial começou a ser utilizado de maneira indistinta e ampla, primeiramente, pelo Fórum Econômico Mundial, em 2015, e depois em publicações, como The Economist, que publicou um número especial sobre a Indústria 4.0, e a Eurofound, agência de pesquisa da União Europeia, que produziu vários informes sobre as consequências da 4ª Revolução Industrial para o futuro do trabalho. Portanto, o termo designa toda adoção de tecnologia que represente avanços e que rompa com os padrões e modelos estabelecidos, a exemplo da digitalização e da inteligência artificial.

Os conceitos abarcam empresas, que utilizam internet para oferecer soluções personalizadas, e prestadores de serviços indiretos, por meio de plataformas, até o uso das mais variadas formas de tecnologias, da impressão 3D a drones e robótica industrial avançada, em combinação com o desenvolvimento nas áreas de engenharia, biotecnologia, nanotecnologia e microtecnologia, materiais avançados e mudanças radicais aplicadas em tecnologias energéticas e meio ambiente. A inteligência artificial, por exemplo, representa um estágio em que as máquinas são capazes de comunicar-se entre si ao invés de se reportarem para um painel de controle operado por funcionários qualificados. Essas mudanças estão alterando profundamente não só os padrões de produção e consumo, mas também a nossa relação com a sustentabilidade da vida humana e da própria relação com o trabalho.

"Essas mudanças estão alterando profundamente não só os padrões de produção e consumo, mas também a nossa relação com a sustentabilidade da vida humana e da própria relação com o trabalho."

PORTAL ADVERSO - Em que aspectos esta reorganização da sociedade e do mundo do trabalho já pode ser percebida?

Marilane Teixeira - Até agora, são os governos e empresas que têm protagonizado esse processo de mudanças. Centrados nos aspectos econômicos e tecnológicos, eles têm negligenciado os aspectos sociais. Análises apontam que as repercussões sociais, como o futuro do trabalho, os desafios para os sistemas de proteção social, os efeitos ambientais e as desigualdades econômicas existentes, estão colocadas em segundo plano.

Por outro lado, as previsões a respeito da 4ª Revolução Industrial e seus impactos no mercado de trabalho aparecem na literatura de forma bastante polarizada. As expectativas otimistas vislumbram possibilidades de ampliação da quantidade de trabalho com altos salários. Por outro lado, os diagnósticos mais pessimistas preveem perdas de empregos entre 35% a 45%.  A OCDE estima que 9% dos empregos estarão em risco e que 50% a 70% das tarefas serão automatizadas. A OIT sugere que 56% dos empregos correm risco de automatização nos próximos 20 anos. É muito difícil avançar em dados concretos, porque são muitos os fatores que afetam ou podem afetar esse processo em transformação. Por outro lado, as sociedades estão em constante transformação e sob ação dos sujeitos sociais em luta. Determinar o ritmo dessas mudanças e como afetarão o conjunto das economias desenvolvidas e não desenvolvidas faz parte da complexidade desse momento histórico em que estamos vivendo. É certo que, historicamente, o capital nunca prescindiu do trabalho, seja como ofertante de força de trabalho ou consumidor de seus produtos.

"A OCDE estima que 9% dos empregos estarão em risco e que 50% a 70% das tarefas serão automatizadas. A OIT sugere que 56% dos empregos correm risco de automatização nos próximos 20 anos."

Com relação à inteligência artificial, em que o grau de produção digitalizada se apresenta de forma mais sofisticada desde o ponto de vista tecnológico - embora seja objeto de muitas controvérsias -, a sua utilização é muito ampla e pode ser vista desde a fabricação até a sua adaptação ao trabalho manual, como classificação de pedidos, processamento de dados do consumidor e seleção de candidatos para empregos, o que, certamente, tornará muitos trabalhadores descartáveis. 

Neste contexto, cresce a descentralização produtiva que está na base do modelo, com as plataformas virtuais, criando oligopólios na prestação de serviços, a exemplo do Uber.

PORTAL ADVERSO - Quais serão os principais impactos da 4ª Revolução Industrial no mundo do trabalho (organização do trabalho) e na vida dos trabalhadores?

Marilane Teixeira - Aqueles que, sob a justificativa das transformações nas formas de trabalho decorrentes das novas tecnologias da informação e da comunicação, profetizam a urgência de empregos mais flexíveis parecem não se incomodar com o grau de precariedade resultante dessas modalidades de contratação. Seu ponto de partida é o mercado. Todos são potencialmente consumidores e o trabalho deve se adaptar continuamente a essa lógica. No livro “Vida para consumo”, publicado em 2008, Bauman relata a experiência de Arlie Russel Hochschild, no Vale do Silício, nos Estados Unidos, em que a preferência por empregados “flutuantes”, descomprometidos, flexíveis, “generalistas” e, em última instância, descartáveis, em vez de especializados e submetidos a um treinamento estritamente focalizado, foi o mais seminal de suas descobertas. Segundo Bauman, o empregado ideal seria uma pessoa sem vínculos, sem compromissos e sem ligações emocionais anteriores, e que evite estabelecê-los agora, ou seja, uma pessoa disposta a assumir qualquer tarefa que lhe apareça e preparada para se ajustar e refocalizar, de imediato, suas próprias inclinações, abraçando novas prioridades e abandonando as adquiridas anteriormente.

Há uma geração de autores de formação liberal que acredita que esses novos empregos são expressão de uma sociedade em movimento, que não distingue trabalho formal e trabalho temporário, tornados indiferentes. Entretanto, essas formas de trabalho exigem legislação pertinente, que concilie novos modelos com as antigas formas de trabalho, entendido como sendo o formalizado e realizado em tempo integral. Essas abordagens, geralmente, pressupõem que as mudanças tecnológicas são inevitáveis e que as novas ofertas de capital e trabalho vêm de forma descentralizada, através de um grupo de pessoas, o que chamam de “economia compartilhada”, tornando indiferentes os limites entre “esfera pessoal e “esfera profissional”, e transformando atividades rotineiras em mercadorias e/ou serviços, a exemplo da uberização. Entretanto, o que essas abordagens não mencionam é o grau de precarização e de insegurança que essas novas formas promovem. Em uma sociedade cada vez mais mergulhada no mercado de consumo, e com formas precárias de trabalho, quem irá de fato consumir o que é produzido? Essa é pergunta que deve ser feita. Os trabalhadores estão, permanentemente, conectados e disponíveis. O trabalho pode ser monitorado de forma remota, esses sistemas impõem vigilância permanente, independentemente do local em que a atividade está sendo realizada.

"Em uma sociedade cada vez mais mergulhada no mercado de consumo, e com formas precárias de trabalho, quem irá de fato consumir o que é produzido? Essa é pergunta que deve ser feita."

PORTAL ADVERSO - Hoje, o capital é o grande beneficiário desta nova revolução. Você acredita que a sociedade também poderá colher os frutos do avanço tecnológico?

Marilane Teixeira - Se é correto afirmar a subordinação crescente dos avanços tecnológicos aos interesses exclusivos do capital produtivo e financeiro como uma das características constitutivas dessa atual etapa do capitalismo, também é certo que se trata de processos históricos e o desfecho depende da correlação de forças sociais em disputa. Os avanços tecnológicos devem estar a serviço da sustentabilidade da vida, portanto, a pergunta que deve ser feita é se os benefícios serão apropriados pelo capital privado ou para a produção de bens públicos? Há que se retomar a capacidade do Estado como impulsionador do desenvolvimento econômico, por meio de políticas de fomento à pesquisa e de construção de marcos regulatórios, que estabeleçam as condições em que as pesquisas tecnológicas devem ser desenvolvidas e como devem ser apropriadas pela sociedade, tendo como principal propósito o bem comum.

"Se é correto afirmar a subordinação crescente dos avanços tecnológicos aos interesses exclusivos do capital produtivo e financeiro como uma das características constitutivas dessa atual etapa do capitalismo, também é certo que se trata de processos históricos e o desfecho depende da correlação de forças sociais em disputa."

PORTAL ADVERSO - Qual é o futuro do emprego?

Marilane Teixeira - Trabalhar é uma atividade humana básica e imprescindível, que consiste em criar riqueza, dar sentido à vida, relacionar-se com as pessoas e conseguir meios para viver dignamente. É certo que a natureza do emprego está mudando e que o trabalho em tempo integral vem sendo, cada vez mais, substituído por diversas outras formas de emprego. Também é preciso reconhecer que se trata de empregos com elevado grau de competição, de desvalorização das relações de solidariedade e de intensificação de formas mais precárias de contratação, com implicações profundas na vida das pessoas, pelo grau de insegurança e de incertezas que empregos parciais, intermitentes, autônomos e precários oferecem em termos de futuro, além de ser um fator que contribui para as desigualdades. As principais tendências estão longe do padrão em tempo integral, trata-se de uma gama de acordos contratuais independentes ou pseudo-independentes.

No entanto, nosso objetivo é de continuar defendendo empregos dignos e com qualidade para todas as pessoas. Se é certo que o mercado de trabalho passará por profundas transformações, em que novas ocupações surgem e outras serão destruídas, é fundamental que os direitos sejam assegurados e que o acesso seja garantido, eliminando todas as formas de segregação e discriminação. No Brasil, atualmente, são mais de 13 milhões de desempregados, frutos de uma política de austeridade fiscal e de subordinação ao rentismo, que condena milhões de pessoas à desocupação e a trabalhos precários. Não são as tecnologias que estão desempregando no Brasil de hoje, mas os equívocos da política econômica neoliberal.  Isso afeta de forma mais contundente as mulheres e a população negra, maioria entre as pessoas desempregadas e nos trabalhos sem proteção social.

Precisamos ampliar a ideia de trabalho e incorporar atividades que são realizadas, gratuitamente, pelas mulheres no âmbito familiar, mas que não são reconhecidas socialmente, construindo uma sociedade com maior igualdade para as mulheres e para a população negra. 

"Precisamos ampliar a ideia de trabalho e incorporar atividades que são realizadas, gratuitamente, pelas mulheres no âmbito familiar, mas que não são reconhecidas socialmente, construindo uma sociedade com maior igualdade para as mulheres e para a população negra."

PORTAL ADVERSO - A Reforma Trabalhista tem relação com a quarta revolução industrial? 

Marilane Teixeira - Trata-se da agenda prioritária do capital, a Reforma Trabalhista, que foi retomada pelo documento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), intitulado “101 propostas para Modernização Trabalhista”, de 2012, período que coincide com a perda de dinamismo da economia, especialmente da indústria. Em 2015, ao reeditar “Agenda legislativa da Indústria”, a CNI deu ênfase a dois temas: o negociado sobre o legislado e a terceirização.

A Reforma Trabalhista, embora faça parte da agenda permanente dos empresários, ganha maior relevância em contextos econômicos e políticos mais complexos, em que reformas estruturais são eleitas como a única alternativa para o capital se movimentar livremente e retomar um novo ciclo de acumulação. Entre as reformas liberalizantes, a ênfase é dada às da área do trabalho. O argumento usado é o de que há um excesso de direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, e que tal “excesso de rigidez” impede que a iniciativa privada realize os investimentos necessários para a retomada dos níveis de atividade econômica e do emprego.

Inclusive, o debate no Brasil, a partir de uma perspectiva liberal, sugere que a integração do Brasil na agenda da quarta revolução industrial somente se concretizará se o país realizar as reformas estruturais necessárias, a exemplo da reforma trabalhista, previdenciária, fiscal, a abertura econômica de forma unilateral, entre outras.

Neste sentido, a Reforma Trabalhista reforça uma concepção de que o País só se tornará competitivo e, portanto, em condições de ingressar nessa nova era digital, se acertar as contas com o “atraso”. Para estes setores, a quarta revolução industrial não existe sem a integração nas cadeias globais de “valor” e, para o País ganhar competitividade, é fundamental flexibilizar direitos e reduzir custos com o trabalho. O exemplo do agronegócio no Brasil é utilizado largamente como experiência positiva, e que não podemos nos conformar com uma posição de mero consumidor digital.

A Reforma Trabalhista reforça um modelo de inserção predatório e espúrio, baseado na redução de custos e na precarização das relações de trabalho, porta de entrada para a submissão e dependência às grandes corporações transnacionais.

"A Reforma Trabalhista reforça um modelo de inserção predatório e espúrio, baseado na redução de custos e na precarização das relações de trabalho, porta de entrada para a submissão e dependência às grandes corporações transnacionais."

PORTAL ADVERSO - A renda mínima pode ser uma política de compensação para a parcela mais pobre da população, que tende a ser excluída do mundo do trabalho pelas transformações que vêm ocorrendo? Como ela funcionaria e quem se beneficiaria dela?

Marilane Teixeira - Retomar o papel do Estado é prioridade, criar condições para que toda a sociedade tenha acesso a um trabalho digno, pensar medidas concretas de distribuição de renda, por meio de reformas estruturais, bem como repensar a taxação dos impostos para os mais ricos e inverter a lógica da tributação, em que são os mais pobres que pagam mais impostos. As mudanças tecnológicas devem ser vistas sob uma perspectiva de sustentabilidade da vida. O centro deve ser a vida e não o mercado. Portanto, valorizar o espaço de produção de bens para as famílias; romper com o binômio família e mercado; e incorporar o Estado e a comunidade. A perspectiva de exclusão do mundo do trabalho, por meio das transformações, deve estar colocada como uma possibilidade, da mesma forma em relação a uma renda mínima, mas devemos ousar e projetar uma sociedade no futuro em que todas as pessoas que buscam trabalho e auto-realização possam ter oportunidade de alcançá-los.

"...devemos ousar e projetar uma sociedade no futuro em que todas as pessoas que buscam trabalho e auto-realização possam ter oportunidade de alcançá-los."

PORTAL ADVERSO - No século 20, a luta pela redução da jornada foi uma resposta dos trabalhadores ao avanço tecnológico. A senhora acredita que, frente às mudanças estruturais no mundo do trabalho, esta bandeira poderá ser, novamente, um mote da luta sindical?

Marilane Teixeira - O tema da redução da jornada de trabalho é muito atual. Trata-se de uma luta histórica da classe trabalhadora, é uma bandeira com um significado político muito forte, porque a humanidade, desde a última grande redução da jornada de trabalho, já experimentou avanços tecnológicos e organizacionais notáveis. Estamos prontos para uma jornada reduzida, que permitirá que as pessoas possam desfrutar melhor do tempo livre e uma oportunidade de gerar mais empregos.

Entretanto, nos últimos anos, essa bandeira praticamente desapareceu da agenda sindical e, em parte, porque as categorias mais estruturadas já têm jornadas menores. Neste sentido, falta solidariedade dos mais fortes com as categorias mais frágeis, e que seguem com jornadas extensas e exaustivas.

Além disso, a sociedade necessita se reorganizar em relação ao tempo do trabalho e do não trabalho. As pressões que recaem sobre as mulheres na esfera da reprodução social é um impedimento para que possam se realizar profissionalmente; e jornadas menores contribuem para que o tema do compartilhamento das responsabilidades familiares seja assumido como atribuição de homens e mulheres.

PORTAL ADVERSO - Na sua avaliação, quais serão os impactos da 4ª Revolução Industrial na educação e, mais especificamente, na atividade docente?

Marilane Teixeira - Há uma vasta literatura que trata dos avanços tecnológicos e seus efeitos sobre a pesquisa, o conhecimento e as profissões do futuro. A partir das salas de aula pode se produzir alterações na construção do conhecimento, nos processos de aprendizagem, nas metodologias e ferramentas que estarão disponíveis. Embora exista uma pressão crescente para que os educadores se adaptem a esse novo momento, as pesquisas não convergem, necessariamente, para uma mesma direção. O entendimento de que a pesquisa, a troca de ideias e de experiências serão as bases do conhecimento ganha espaço entre quem acredita neste processo como oportunidade para o desenvolvimento de competências. É uma discussão antiga, que está sendo retomada no atual contexto de transformações, mas mantendo as características do debate anterior: de mudança de um padrão baseado na 2ª Revolução Industrial para a produção flexível. O discurso corrente é de que o trabalho precisa se adaptar às mudanças tecnológicas. E, portanto, ao invés de se partir de um conjunto de conteúdos disciplinares existentes, com base no qual se efetuam as escolhas para atender os conhecimentos considerados mais relevantes, parte-se de situações concretas, e as disciplinas serão requeridas apenas na medida de suas necessidades, desprezando as dimensões social e histórica do processo educativo.

O grande desafio para o futuro é preservar o conhecimento em uma sociedade em que a flexibilidade é a palavra de ordem do momento. Como indica Bauman em “Capitalismo Parasitário”, a capacidade de abandonar depressa os hábitos presentes torna-se mais importante do que o aprendizado dos novos. E isso tem implicações nas mudanças no processo de ensino.

Entretanto, é importante destacar que a demanda por trabalho de baixa qualificação seguirá sendo a principal opção nos países em desenvolvimento, por representarem custos menores, e esta realidade dificilmente irá se alterar, mantendo-se a atual divisão internacional do trabalho. Além disso, o trabalho de qualificação média poderá ser adquirido, em qualquer parte do mundo, por meio das plataformas digitais.  

Por outro lado, como reflexo da construção de novos paradigmas, as escolas e as universidades serão pressionadas a formar indivíduos com ideias originais, sem a necessidade de professores que os orientem num percurso único e superlotado, mas de consultores que os ensinem a caminhar de forma individual e, de preferência, sem laços afetivos e de solidariedade.   

"...as escolas e as universidades serão pressionadas a formar indivíduos com ideias originais, sem a necessidade de professores que os orientem num percurso único e superlotado, mas de consultores que os ensinem a caminhar de forma individual e, de preferência, sem laços afetivos e de solidariedade." 

Portanto, independentemente dos avanços da inteligência artificial, do carro elétrico, dos chips implantáveis, a vida humana seguirá e exigirá cuidados. A pergunta a ser feita é: para quais propósitos essas novas tecnologias irão servir? Elas devem ser tratadas como ferramentas, instrumentos, pois as pessoas não podem ser moldadas às novas tecnologias. Elas é que devem estar a serviço da vida, e a forma como o conhecimento será construído e transmitido é essencial.

Nesse sentido, o papel do educador é fundamental e estará em permanente questionamento. Certamente, o que se colocará em debate é a construção do conhecimento de forma crítica e criativa ou a pedagogia das competências. A primeira, aposta na construção de cidadãos e, a segunda, em indivíduos solitários e competitivos.

Por Daiani Cerezer

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