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Sexta-feira, 03 de setembro de 2021

O encontro abordou “A Educação Popular nos Movimentos sociais e na luta sindical” e incluiu o lançamento de um livro

A terceira edição dos Webinários Comemorativos ao Centenário de Paulo Freire (1921-2021), promovidos pela ADUFRGS-Sindical e seu GT Educação, foi realizado na terça-feira, 31. O encontro teve como tema “A Educação Popular nos Movimentos sociais e na luta sindical”, tendo como palestrante o professor Ivori Agostinho de Moraes e a professora Raquel Monteiro, ambos do Coletivo de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A mediadora foi a professora aposentada da UFRGS e membro do GT Educação da ADUFRGS-Sindical Graciela Quijano. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal “Centenário Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical” no YouTube, criado para as comemorações, e também no Facebook do sindicato. 

Na ocasião também foi lançado o livro “Educação de Qualidade para EJA - Metodologias e currículos inovadores”, de Juçara Benvenuti, professora de Literatura e Língua Portuguesa do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Os webinários comemorativos são promovidos por meio do GT Educação da ADUFRGS-Sindical, coordenado pela professora Sônia Mara Ogiba, diretora de Comunicação do sindicato. 

Na abertura do webinário, o presidente da ADUFRGS-Sindical, Lúcio Vieira, saudou os presentes e a realização de mais uma atividade do sindicato, em especial esta, que abordou a “A Educação Popular nos Movimentos sociais e na luta sindical”.

O presidente Lúcio Vieira passou a palavra à diretora Sônia Ogiba.

O presidente Lúcio Vieira passou a palavra à diretora Sônia Ogiba

Sônia Mara Ogiba, como coordenadora do GT Educação do sindicato, conduziu o início da discussão chamando a mediadora e os palestrantes. “É uma grande satisfação darmos  continuidade às comemorações do Centenário de Paulo Freire no sindicato. O webinário de hoje é muito especial, como todos, mas é especial por trazer ‘à tela’ um tema que nos é muito caro, que é o da educação popular e a luta sindical”, explicou a professora. “Além disso teremos a honra de lançar um livro sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA), de autoria da professora Juçara, do Colégio de Aplicação da UFRGS”, adiantou a diretora.

Após a fala da professora Sônia, a mediadora Graciela Quijano, também membro do GT Educação, introduziu os palestrantes, ambos do Coletivo de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e falou sobre sua própria experiência com o movimento. “Durante a greve de 1998, uma das mais longas da história das universidades federais, houve a oportunidade de entrar em contato com o movimento. Eles também estavam mobilizados em uma de suas tantas lutas”, relatou. “Vimos a possibilidade de estabelecer vínculos e unir as duas lutas, a da universidade e a do campo. Tanto rendeu, que ficamos por anos em parceria, por meio de um projeto de extensão junto ao Instituto de Letras da UFRGS, que visava despertar nos assentados o gosto pela leitura. Foram 15 anos”, contou. 

Após a fala da professora Sônia, a mediadora Graciela Quijano, também membro do GT Educação, introduziu os palestrantes o professor Ivori Agostinho de Moraes e a professora Raquel Monteiro, ambos do Coletivo de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Após a fala da professora Sônia, a mediadora Graciela Quijano introduziu os palestrantes Ivori Agostinho de Moraes e Raquel Monteiro

O palestrante professor Ivori Agostinho de Moraes, diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental Rui Barbosa, em Morro Grande, Viamão, também iniciou falando de sua experiência pessoal, “desde a primeira turma de mediadores, ainda sem a formação adequada”, e também contou sobre uma visita do educador Paulo Freire no assentamento Conquista Fronteira, em Bagé. 

“Havia chovido muito, mas ele disse ‘não vou deixar de ir onde os sem-terras estão fazendo sua própria pedagogia’. Foi uma ótima visita e foi quando me encantei pelo trabalho”, recordou o professor Ivori, acrescentando ter ido morar em Tupanciretã, atual Jari, para fazer o trabalho. “Precisava conhecer a realidade, desvelar essa realidade, tirar a visão fatalista e mostrar que podiam aprender, que iam ajudar. Usamos recursos pedagógicos, o caderno de campo, e fomos ganhando confiança em um clima de esperança”, relatou emocionado o professor, que se mudou para um assentamento em 1992.

A professora Raquel Monteiro, Pedagoga da Terra, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Nova Sociedade, em Nova Santa Rita, contou que desde 1998 “vivencia a pedagogia de Paulo Freire”. Ela contextualizou o nome da escola, que nasceu a partir justamente das necessidades de uma nova organização daquele grupo que chegava novo à cidade, com o acampamento. “Havia todo um contexto de luta, as famílias precisavam buscar energia, luz, estradas, escolas, e queriam que os filhos seguissem estudando em um espaço formal mas que respeitasse as suas condições, para que eles pudessem seguir no campo”, informou.

A seguir a professora fez uma apresentação com imagens da escola e de algumas das diversas atividades realizadas. “Participamos de feiras, abordamos temas relacionados ao folclore, à sustentabilidade, trabalhamos com bonecas africanas”, foi mostrando a professora. 

Terminado o debate com as perguntas trazidas pela mediadora, professora Graciela Quijano, a professora Sônia Ogiba, coordenadora do GT Educação, agradeceu a participação dos docentes, parabenizando os professores Ivori e Raquel Monteiro pelo trabalho que realizam com Educação Popular. 

Para a diretora, pensar no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, nos assentamentos, é algo que está ligado à concepção freiriana, de “estar em movimento, em um fluxo no qual sujeitos vão se fazendo”. “Vocês [Ivori e Raquel] que estão ali na prática, na militância, na educação, estão realmente trazendo e operando com o pressuposto de natureza ontológica que subjaz na obra de Paulo Freire, o sujeito como um ‘vir a ser’”, comentou. Em seguida, recordou um dos relatos trazidos pelo professor Ivori, de uma pessoa que se emocionou por aprender a ler e escrever. “Ela está aprendendo a ser, a ser alguém que não precisa mais colocar a sua digital em um documento, porque aprendeu a escrever e assinar seu nome próprio. Isso é muito tocante”, manifestou a professora. “Nós nunca duvidamos da potência da educação, da formação, que acontece no MST”, disse então a professora.  

Lançamento do livro 

Após as discussões, foi realizado o lançamento do livro “Educação de Qualidade para EJA - Metodologias e currículos inovadores”, de Juçara Benvenuti, apresentado pela professora Sônia. “Esperamos em breve poder fazer este lançamento também de forma presencial na sede do sindicato”, disse a diretora de Comunicação. “A professora Juçara tem mais de 42 anos de magistério, de dedicação à educação popular, com várias obras publicadas”, destacou. A autora se aposentou recentemente como docente de Literatura e Língua Portuguesa do Colégio de Aplicação (CAp) da UFRGS.

A diretora Sônia Ogiba apresentou o livro da professora Juçara Benvenuti

A diretora Sônia Ogiba apresentou o livro da professora Juçara Benvenuti

Já abordando o livro da professora Juçara, a professora Sônia informou que a publicação “integra quatro projetos, que alinham teoria e prática na escola”. “A obra constitui a base para uma postura crítica, se trata de um patrimônio em termos de Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, introduziu Sônia. 

Após a apresentação feita pela professora Sônia, a professora Juçara Benvenuti, autora de “Educação de Qualidade para EJA - Metodologias e currículos inovadores”, fez então uma apresentação, mostrando a estrutura da publicação e imagens do trabalho realizado. “O livro mostra o resultado da pesquisa no CAp/UFRGS, uma trajetória inovadora na construção metodológica e curricular, de projetos de EJA”, indicou Juçara, que disse ainda ser a “realização de um sonho” por poder “dar visibilidade” às ações desenvolvidas. 

Juçara Benvenuti, professora de Literatura e Língua Portuguesa do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Juçara Benvenuti, professora de Literatura e Língua Portuguesa do CAP/UFRGS

A apresentação da professora também incluiu fotos e vídeos com depoimentos de alunos e alunas, que podem ser vistas e assistidas aqui, no Canal Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical. Neles é possível ver imagens do andamento de algumas das atividades e também ver e ouvir depoimentos de ex-alunos, com seus agradecimentos e relatos sobre o futuro que construíram após participar das atividades que estão no livro.

Para finalizar o lançamento, a professora Juçara chamou a professora Simone Valdete dos Santos, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, orientadora do pós-doutorado da autora, para comentar a publicação, que é resultado do seu pós-doc. “O texto é fluido, generoso, retrata o cotidiano, os entraves e os desafios. Um livro tanto para quem é da área como para quem quer qualificar a prática”, disse a professora Simone.

A professora Juçara Benvenuti chamou a professora Simone Valdete dos Santos e o professor Rafael Arenhaldt

Juçara Benvenuti chamou os professores Simone Valdete dos Santos e Rafael Arenhaldt

Também convidado pela professora Juçara, se pronunciou o professor Rafael Arenhaldt, do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da UFRGS. Rafael atua com formação de professores para educação popular e EJA e foi professor do Colégio de Aplicação, na modalidade EJA. Também foi um dos parceiros de projetos da professora Juçara. “​Escolhi quatro palavras e movimentos: Agradecimento, Implicação, Educação e Experiência”, disse o professor, que passou a descrever cada item, chamando a atenção para o envolvimento da autora e sua trajetória.

A professora Sônia encerrou o terceiro webinário da ADUFRGS-Sindical agradecendo a presença de todos e todas, de forma “muito emocionada” e recordou que em setembro haverá o encerramento das atividades comemorativas ao Centenário de Paulo Freire. 

Assista aqui a live.

A programação da ADUFRGS pode ser conferida no site https://adufrgs.org.br e os vídeos no Centenário Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical no YouTube - https://tinyurl.com/centenariopaulofreirenaadufrgs
Veja alguns comentários no chat durante o Webinário

Sônia Mara Moreira Ogiba - ​Boa noite a todas e todos, a mais essa edição do Webinário Comemorativo ao Centenário Paulo Freire em nosso sindicato.

Mara Regina Silveira Martins - ​Ensinar é sempre gratificante! A luta dos sem terra é uma escola !

Sônia Mara Moreira Ogiba - ​Excelente sua experiência e trajetória Professor Ivori, agradecida!!

Darci Campani - ​Imagino a diferença de motivação de estudantes numa sala com a metodologia Paulo Freire, a diferença que deve ser em relação a uma aula tradicional

Ana Heloisa - ​Parabéns Raquel. Experiência enriquecedora.

Laura Mansur - ​Maravilhosa noite!!! Que lindas palavras de Simone e Rafael!!! Realmente Juçara as merece, ela é ótima docente e, principalmente, maravilhosa pessoa. Gracias, Juçara pela tua bela contribuição!!!

Mónica de la Fare - ​Em tempos tão sombrios precisamos de muitas Borboletas na EJA e na vida!! Parabéns pelo livro Juçara!!

Olga Jacqueline Gomes Felix - ​Parabéns Ivori! Compartilhar conhecimento é uma ação que renova as relações sociais e humanas. Nesse processo de constituição de seres inacabados que somos.   

Outras edições

A primeira edição, realizada em junho, teve como tema “Do Medo à Ousadia: Diálogo enquanto estratégia de luta e resistência em tempo de pandemia” e está disponível no canal comemorativo no YouTube. Clique aqui para assistir.

O segundo encontro, em julho, abordou o tema “Trabalho Docente e Neoliberalismo: Reflexões a partir do legado de Paulo Freire”. Clique aqui para assistir.

Inscreva-se no canal “Centenário Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical no YouTube” para receber os avisos de novos vídeos e assistir os Webinários!

Centenário Paulo Freire - Memória Freiriana na ADUFRGS-Sindical

https://adufrgs.org.br/centenario-paulo-freire     

paulo-freire

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