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Quinta-feira, 02 de maio de 2019

Corte de 30% das verbas leva sindicatos de professores a protestarem contra desmonte da educação.

Jornal Extra Classe 

Nesta terça-feira, 30, o presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Adufrgs), Paulo Machado Mors, expôs a indignação da entidade em referência ao corte de pelo menos 30% dos recursos da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Na segunda-feira, o ministro da Educação Abraham Weintraub, anunciou que o MEC vai cortar recursos de universidades que não apresentarem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estiverem promovendo “balbúrdia.

“Esse corte reflete a intenção de desmontar a educação pública brasileira. Convido o presidente da República e o ministro da Educação a visitarem universidades federais brasileiras para verem como é produzido o conhecimento no país”, declarou. Paulo afirmou que a Academia é “local de diversidade de tratamentos e disciplinas de todas áreas em um convívio típico da universidade, coisa à qual eles não estão acostumados”, protesta.

“É um governo e um ministério que até hoje não mostraram a que vieram para a política educacional. Depois de quatro meses ainda não mostraram qual o plano para a Educação e que só fizeram perseguir a academia. Essa medida contras universidades nos deixa indignados, principalmente por tratar-se de instituições muito bem avaliadas. Tanto o ministro quanto o presidente não conhecem a vida de uma Universidade, não sabem nada sobre vida acadêmica”, conclui Mors, que é físico e leciona no curso de licenciatura de Física da Ufrgs.

A Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) também emitiu nota sobre o assunto. Leia na íntegra:

Nota de repúdio – Proifes Federação

A educação pública, gratuita e de qualidade no Brasil, a liberdade de expressão, e a autonomia universitária sofreram nesta terça-feira, 30, mais um duro golpe em uma sequência de ataques sem precedentes ao exercício pleno do pensamento, da pesquisa científica, da formação técnica e cidadã e do desenvolvimento soberano do país.

As Universidades Federais da Bahia, de Brasília e a Federal Fluminense registraram um contingenciamento de 30% em seus já decrescentes recursos, em retaliação ao que o ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, classificou como “balbúrdia” sediada nas dependências destas instituições.

Não bastasse a arbitrariedade inerente ao ato, sendo o conceito de “balbúrdia” subjetivo, moral e semanticamente questionável, o ministro da Educação ainda justifica o corte mais acentuado de recursos a estas universidades alegando, falsamente, que teriam registrado redução de qualidade do ensino apresentado.

O PROIFES-Federação recebe com repúdio mais esta investida deste governo contra a autonomia universitária, do pensamento, da liberdade de ensinar, que utiliza o contingenciamento de recursos legal0mente previstos como forma de doutrinação política e subordinação financeira da educação a um pensamento único, autoritário e descabido.

“Os docentes das Universidades e Institutos Federais, e todos os demais profissionais da Educação, resistiremos e responderemos à altura dos ataques, com mobilizações, paralisações, greves e demais atos que, junto a outras entidades, mostrem que estamos atentos, e vamos às ruas, com as centrais sindicais e no próximo dia 15 com todo o movimento de educação”, afirmou Nilton Brandão, presidente do PROIFES.

“As palavras e atos do ministro da educação mostram claramente uma retaliação e uma tentativa de desqualificação da universidade, que é um espaço importante de geração de conhecimento e de manifestação da liberdade de expressão, fundamentais para o desenvolvimento e soberania nacional”, acrescentou a vice-presidente do PROIFES, e professora da UFBA, Luciene Fernandes.

O PROIFES-Federação, fiel aos seus princípios de lutar sempre por uma educação pública, laica, gratuita e de qualidade, com autonomia de pensamento e de ensino, jamais se furtará a defender, com todos os meios à sua disposição, a construção de uma país justo, soberano e independente, e isso passa, necessariamente, pelo fortalecimento da educação em geral, e das Universidades e Institutos Federais em particular, sem mordaças, sem restrições financeiras e sem imposições ideológicas de qualquer natureza.


Brasília, 30 de abril de 2019
 


 

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