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Sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Atividade contou com mesas de debates, confraternização e fortalecimento da mobilização da categoria

Texto: Manoela Frade

Fotos: Daiani Cerezer

O 14º Encontro dos Aposentados da ADUFRGS realizado nesta quarta-feira, 30, foi um reencontro de cerca de 200 professores, mas principalmente, um momento de relembrar a história de 40 anos do sindicato e apontar caminhos para a luta sindical a partir da eleição deste ano. 

O evento foi coordenado pela ex-presidente da ADUFRGS, Maria Luiza Ambros von Holleben, que fez a saudação inicial explicando a metodologia do encontro. 

O presidente da ADUFRGS-Sindical, Paulo Machado Mors, que é professor do Instituto de Física da UFRGS, fez a abertura do encontro dando um depoimento pessoal sobre a importância da ADUFRGS para manter o vínculo do professor aposentado com a universidade. “A partir da minha militância sindical, percebi que não precisava mais sentir medo de me aposentar. Minha aposentadoria não vai representar uma ruptura porque eu tenho o sindicato. Pela ADUFRGS manterei o vínculo com a vida acadêmica e com meus colegas”. Paulo lembrou ainda, que a ADUFRGS foi criada por professores ativos que hoje estão aposentado, por isso, incentivou a participação dos aposentados na atividade sindical. “Neste momento difícil pelo qual o país passa, precisamos reforçar a mobilização e temos a obrigação de manifestar nossa preocupação com os rumos da educação brasileira”, conclamou lembrando que a ADUFRGS lançou uma Carta aos candidatos desta eleição. 

O encontro seguiu com três palestras pela manhã que recontaram a história de conquistas da categoria docente por meio da luta sindical.  Dois ex-presidentes, Sérgio Nicolaiewsky e Cláudio Scherer, além do assessor jurídico da ADUFRGS, Francis Bordas, participaram da mesa ‘ADUFRGS e os professores aposentados: uma história única de parceria, lutas e vitórias’, que foi coordenada pelo presidente do Conselho de Representantes da ADUFRGS, Lucio Hagemann. Nicolaiewsky falou sobre o momento político pelo qual o país passava no momento de criação da ADUFRGS e Scherer lembrou a criação da carreira docente, resultado da greve de 1987. O advogado Francis Bordas relacionou a fundamental relação entre a atividade sindical e a jurídica e apontou as grandes vitórias da ADUFRGS na Justiça. 

A segunda mesa ‘A ADUFRGS-Sindical e a participação atual do professor aposentado’ foi coordenada pela ex-presidente Maria Luiza Ambors von Holleben e contou com três apresentações. O professor Francisco Fuchs apresentou o Núcleo de Multiatividades dos Aposentados da ADUFRGS, que oferece na sede do sindicato oficinas, cine- debates, palestras, aulas, confrarias gourmet com coordenação deste grupo de professores aposentados. O ex-presidente Eduardo Rolim falou da importância do professor aposentado na luta sindical, destacando principalmente os efeitos perversos da Emenda Constitucional 95 na educação e ciência brasileiras, mas também os impactos nos servidores públicos, ativos e aposentados. O presidente do Movimento dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas (Mosap), Edison Haubert, contou a história do movimento e chamou os aposentados a votarem na eleição, divulgando a campanha Vem pra Urna, lançada pelo Movimento para convencer servidores públicos aposentados a votarem na eleição 2018.

 

Confira trechos das falas durante as mesas do encontro:

Maria Luiza Ambros von Holleben

“O convite para coordenar esse evento me sensibilizou porque me permitiu um retorno à ADUFRGS e um reencontro com pessoas que marcaram estes 40 anos de história”. 

“Hoje temos a satisfação de usufruir de uma aposentadoria boa conseguida com muita luta. Nossa luta sempre aconteceu como professor ativo e deve continuar como aposentado

 

Lúcio Hagemann

“Nesse encontro temos a satisfação de ver que a ADUFRGS se interessa pelos seus aposentados que somam quase 1,3 mil associados. Este sindicato é um espaço de acolhimento e pertencimento. Estão todos convidados a fazer parte”.

 

Sérgio Nicolaiewski

“A universidade voltou, nos últimos dois ou três anos, a viver o clima que nós vivemos nas décadas de 1970, 1980 e 1990, épocas de vacas magras. Nos últimos 12 a 14 anos, a universidade viveu uma época de vacas gordas. A maior parte dos professores que estão na ativa hoje entraram na universidade no tempo das vacas gordas. Eles não conseguem entender o que está acontecendo. Nós temos que contar para eles: o que está acontecendo hoje não é novidade. Passamos quase 30 anos lutando para defender a universidade pública e gratuita, agora também é a vez deles”. 

 

Cláudio Scherer 

“Muitas vezes o movimento docente é chamado de corporativista, que só luta por melhores salários. Quero dizer que isso não é verdade. Nós lutamos por verba para a universidade, pela qualidade da universidade, pela educação pública”. 

 

Francis Bordas

“Há uma relação direta entre a atividade sindical e a atividade jurídica. Estamos sempre atentos para propor ao sindicato alternativas sobre lesões de direitos e ameaças que levaram o sindicato a vitórias importantes”.

 

Francisco Leandro Fuchs

Hoje nós temos que festejar as nossas conquistas e analisar o hoje para fortalecer o nosso futuro. Nesses 40 anos de luta da ADUFRGS, como professores da ativa, éramos chamados e nós estávamos presentes, existia uma mobilização. O que está faltando hoje é justamente mobilização. Mas tenho certeza que nós professores aposentados que nos mobilizamos no passado, quando o sindicato precisar de nós, nos mobilizaremos. E o Núcleo de Multiatividades é um exemplo dessa mobilização”. 

 

Eduardo Rolim

Esta trajetória (de evolução dos investimentos em educação) foi abruptamente interrompida em 2016 quando o atual governo, que não chegou lá pelas urnas, aprovou a Emenda Constitucional 95, que diz de forma muito simples o seguinte: nenhum gasto social poder ser aumento no ano seguinte mais do que a inflação. Este é o projeto mais perverso que já foi feito com o futuro do Brasil”.  

 

“Dia 7 de outubro está chegando e cada um de nós tem a obrigação de não votar em quem não se comprometer com a revogação da emenda constitucional 95 porque isso é fundamental. Por isso, olhem quem foram as pessoas que aprovaram essa emenda. Será que uma pessoa que votou a favor vai se comprometer em acabar com ela?”

 

Edison Haubert

Este encontro é uma atividade fantástica de reconhecimento do professor, de agradecimento, valorizando ainda mais quem já trabalhou e construiu a universidade brasileira. Devia ser replicado pelo país”.

 

“Nós aposentados somos uma força enorme, mas não estamos engajados como deveríamos. Não temos mais o dever legal de votar, mas temos que exercer nosso direito para manter, pelo menos, o que já conquistamos”.