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Quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Lucia Pellanda e Jenifer Saffi responderam questionamentos da ADUFRGS, do Conselho de Representantes e de professores da Universidade.

A chapa 2 para a Reitoria da UFCSPA, formada pela atual reitora Lucia Pellanda e pela vice-reitora Jenifer Saffi, participou nesta terça-feira, 10 de novembro, do Conversas ADUFRGS, no YouTube. A chapa 1 também foi convidada, mas não aceitou participar do debate. Assim, a live teve um caráter de entrevista, realizada pelo presidente do Sindicato, Lúcio Vieira.

As professoras Lucia e Jenifer apresentaram o programa da chapa 2, começando pelos oito eixos que consideram os mais importantes para o desenvolvimento do trabalho nos próximos quatro anos, caso sejam escolhidas. A consulta à comunidade acadêmica para definição da Reitoria da UFCSPA ocorre no dia 26 de novembro, entre 8 e 20 horas, pela internet.

Leia, agora, os tópicos da entrevista, que contou com a colaboração da diretoria da ADUFRGS, do Conselho de Representantes da entidade e de professores da UFCSPA.


As candidatas

Em sua apresentação no início da live, Lucia contou que é professora há 37 anos, sempre estudou em escola pública, médica cardiologista pediátrica, com doutorado em Cardiologia e MBA em Gestão em Atenção Primária. Além de reitora, é coordenadora de Comunicação da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). 

Jenifer é farmacêutica formada pela UFRGS, tem doutorado em Ciências Biológicas: Bioquímica e pós-doutorado na França, trabalha na área de Genética Toxicológica. É professora da UFCSPA desde 2009, onde ministra aulas para vários cursos de graduação e é vinculada a dois programas de pós-graduação.

Programa da Chapa 2

A chapa 2 apresentou uma proposta com oito eixos. 
1.    Defesa da universidade: “Precisamos ampliar a comunicação com a sociedade para gerar mais compreensão e valorização do conhecimento, do nosso papel social”, afirmou Lucia.
2.    Protagonismo da saúde: “Queremos avançar na saúde interna, ser exemplo de bem-estar para a comunidade.”
3.    Pessoas e pertencimento: “Não existe universidade sem pessoas. Pretendemos ampliar, promover a inclusão e o acolhimento, desenvolver a cultura do respeito, da pluralidade, avançar na gestão de conflitos, construir ativamente uma universidade antidiscriminação.”
4.    Gestão com inovação permanente – Ter uma gestão baseada em evidências, garantir a transparência, a confiabilidade, avançar na informatização, buscar parcerias, reutilizar o espaço físico, qualificar laboratórios e focar em um futuro sustentável e com responsabilidade social são algumas das propostas deste eixo.
5.    Ensino e aprendizagem – “A gente precisa avançar na questão da avaliação curricular, repensar nossa forma de centralidade do conteúdo, de centralidade da carga horária, pensar adiante para formar um profissional crítico”, enumerou Lucia. 
6.    Pós-graduação, pesquisa e inovação: A UFCSPA precisa consolidar a formação em Recursos Humanos, pois os programas são ainda muito jovens, apontou a candidata a vice, Jenifer Saffi, além de aumentar a visibilidade desses programas e fortalecer a votação de cada um. Estimular o gerenciamento de recursos dos pesquisadores, estimular o empreendedorismo social também estão no plano.
7.    Extensão: Será uma prioridade da gestão. “Queremos aumentar o espaço físico no prédio novo, pois conseguimos um prédio novo, fortalecer os projetos de extensão, fazer formação docente em extensão, queremos ter um museu permanente de Anatomia”, destacou a candidata à reeleição como reitora.
8.    Internacionalização – a proposta é ter uma abordagem proativa e compartilhada para aprimorar as atividades de ensino, pesquisa e extensão; propor atividades contínuas com os parceiros; e ampliar o perfil de internacionalização. 

Democracia das IFES e Autonomia

As candidatas foram questionadas a respeito da lista tríplice para escolha de Reitores, se concordam ou não e como acreditam que deva ser a composição da lista. 
“Em tempos de muitas dificuldades externas é preciso mais união interna para salvar a universidade dessa onda ‘anticiência’”, iniciou Lucia. “A reitoria é uma tarefa muito complexa, e nós, mesmo com muito apoio da comunidade, já temos muitas dificuldades. Sem esse apoio seria praticamente impossível. A gente nem imagina ter uma gestão sem a comunidade coesa contribuindo com a gestão.”

Na sequência, a chapa se comprometeu a não participar da disputa no Conselho Universitário caso receba menos votos que Chapa 1 na consulta à comunidade universitária. “Se o nosso projeto não for escolhido, a gente não tem interesse em participar da Consulta no Consun”, afirmou Lucia Pellanda. 

Sobre a lista, a candidata à reeleição disse que “é uma lei de 68 que nunca chegou a ser revisada totalmente. Sabemos que tem muitos questionamentos sobre a constitucionalidade dessa lei, mas no momento é a que nós temos. E, por isso, será responsabilidade do Consun inscrever o projeto vencedor (na lista)”.
Jenifer reforçou que “se estamos nos expondo novamente à concorrer à Reitoria é porque não estamos dispostas a renunciar à democracia e aos nossos valores éticos, então só vamos nos inscrever no Conselho Universitário se a nossa proposta for legitimada pela comunidade.”

Dentro do mesmo tema da Autonomia, foi questionado às candidatas se há projeto para reduzir a burocracia interna da UFCSPA e aumentar a autonomia dos departamentos. Em resposta, Lucia explicou que a discussão sobre os departamentos já começou e que eles devem ter autonomia para dizer como devem ser compostos. 

Sobre a burocracia, a candidata à reitora pontuou que há um aumento da necessidade de registro pelo aumento da atuação dos órgãos de controle e a grande quantidade de processos sem fluxo definido. “Na UFCSPA, as informações foram organizadas pela gestão e deve ficar mais fácil a partir de agora. Muitos processos internos não tinham fluxo definido. Implantamos o SEI (Sistema Eletrônico desenvolvido pelo TRF4), mapeamos todos os processos e priorizamos os dos servidores. Implementamos o portal dos professores e dos alunos, tudo está mais transparente. É um trabalho detalhista, demorado, invisível, mas importante. Nossa proposta é avançar na integração dos sistemas para simplificar os processos para os professores”, detalhou.

As candidatas complementaram que um dos motivos da sobrecarga para os docentes da UFCSPA é a quantidade de tarefas administrativas a serem feitas, pelo baixo número de técnicos, se comparado a outras universidades. “Essa foi uma escolha feita no início da universidade, que não conseguimos reverter nesta época de crise”, reforçou Lucia Pellanda.


Carreira docente

A respeito das propostas para a melhoria das condições de trabalho e qualidade de vida dos docentes, a chapa pontuou que implementou a Progesp, que trabalha com a questão do bem-estar dos professores, como o acompanhamento da saúde física e mental dos professores neste momento de isolamento social. Na gestão da Pró-reitoria entram, também, questões da organização do ensino e otimização da carga horária, para reduzir a sobrecarga. 

“Quero ressaltar que o trabalho do DIBEST (Divisão de Bem-Estar e Saúde no Trabalho). Esse setor realmente é para cuidados em saúde, faz o acolhimento no círculo social dos nossos servidores. Ele iniciou em 2018, propõe diferentes atividades com parceiros, inclusive extensivo aos terceirizados e aos nossos bolsistas. Hoje, com ele, a gente tem um mapa de saúde do nosso servidor; 100% dos nossos servidores estão sendo monitorados quanto aos grupos de risco em tempo real e com isso são feitas orientações às chefias sobre os cuidados necessários com cada servidor”, contou Jenifer Saffi.

Sobre promoções e progressões, Lucia relatou que “precisamos muito regulamentar as atividades docentes, pois muitas não são contadas para progressão. Houve uma grande discussão sobre isso na universidade, um grupo de trabalho, diálogos com professores, pois precisávamos de uma norma mais flexível.” Entretanto, a discussão foi suspensa, segundo a candidata, “para pensar na diversidade dos departamentos. O objetivo da norma era melhorar a vida dos docentes, a pontuação e facilitar a progressão, mas se ela não está cumprindo o objetivo, temos que repensá-la”. 

Ensino e Extensão

Sobre Ensino e Extensão, as candidatas expuseram que há uma comissão trabalhando no assunto e que deve continuar, caso sejam eleitas. A ideia, segundo Lucia e Jenifer é fazer formação docente permanente em extensão e integrar as áreas. “O que a gente produz na universidade deve estar totalmente integrado, pesquisa, ensino e extensão”, disse Lucia. 

Segundo elas, nunca houve tanta transparência na aplicação dos recursos na Universidade, todas as bolsas são feitas através de editais, com concorrência livre, mas para criação de novos cursos é preciso planejar, garantir se há espaço.


Para Jenifer, as áreas responsáveis pelos processos de escolha dos projetos de extensão se esforçam para criar editais amplos, que estimulem jovens pesquisadores. Contudo, nos últimos tempos, algumas áreas deixaram de enviar propostas, conforme a candidata a vice-reitora na Chapa 2. “Já diagnosticamos esse fato, mas precisamos ainda entender o porquê”, completou.

Desafios para o futuro

A redução orçamentária prevista para as IFES em 2021, a tramitação do projeto do Future-se no Congresso Nacional, e a desvalorização das universidades públicas são alguns dos ataques que devem ser enfrentados pela próxima gestão da UFCSPA. As candidatas foram questionadas sobre como a gestão, se eleita, pretende atuar nestas questões.

Lucia Pellanda explicou que a UFCSPA passa por uma situação orçamentária muito ruim e que deve piorar, caso a proposta de redução orçamentária passe no Congresso Nacional. O orçamento atual de custeio da Universidade caiu de R$ 42 milhões em 2015 para R$ 32 milhões/ano. O capital reduziu de R$ 9 milhões para R$ 1,5 milhão no mesmo período. “Vamos agir como sempre agimos, na defesa intransigente da Universidade, mostrando a questão em todos os fóruns e para a sociedade. A universidade não é gasto, é investimento”, reforçou.

Quanto à posição da Chapa a respeito do Future-se, pergunta encaminhada pela diretoria da ADUFRGS, as professoras Lucia e Jenifer afirmaram que houve, na concepção do projeto, um diagnóstico inadequado sobre a autonomia das universidades. A proposta sugere que a gestão das universidades seja realizada por uma empresa em uma parceria público-privada. “A gente não precisa de um projeto de gestão para a universidade, precisa de apoio e de investimento, não de projetos focados no que já está funcionando bem”, enfatizou Lucia. 

Em resposta a uma pergunta sobre a aquisição de terrenos feita pela gestão anterior, a candidata à reitora respondeu que “a universidade vinha em um ritmo de expansão grande. Mas o Consun avaliou que não era o momento de investir, pois houve redução orçamentária e sobrecarga dos professores e técnicos. A expansão não foi planejada de forma sustentável, não tinha condições de segurança básica nem para o campus central, não tinha alvará, planos de incêndio.” Segundo ela, os terrenos, portanto, não foram aprovados pelo Consun por várias razões além das citadas, como o custo da construção, que seria de R$ 320 milhões, considerado inviável para a instituição. “Mesmo assim, nos custou muito nos desfazer do patrimônio, mas não podíamos gastar esse dinheiro público”, concluiu.

Sobre o tema do ensino a distância emergencial, que vem sendo praticado pela UFCSPA durante a pandemia e segue como um desafio em 2021, a Chapa 2 esclareceu que desde o primeiro dia de suspensão das aulas iniciaram a elaboração do plano de retorno. “Desde março a gente vem discutindo as regras de biossegurança, todas as regras já estão organizadas”, pontuou Lucia. “A gente acredita que a volta vai ser gradual. O que podemos garantir é que sempre vamos priorizar a saúde. Excelência é uma coisa que só vem quando a gente está bem e com saúde. Mas temos muita confiança na formação dos nossos alunos e que a gente vai conseguir recuperar o conteúdo.”

As professoras reforçaram que são defensoras de que os cursos de Saúde não podem ser feitos em EaD, mas que se trata de uma questão emergencial e que o ensino híbrido terá que ser mantido por algum tempo e que desta experiência podem permanecer alguma ações que terão continuidade, como o EaD para o turno da noite.

Relação do Sindicato e a Reitoria

O último tópico abordado na live tratou da relação do sindicato com a Reitoria. Como são candidatas à reeleição, Lucia Pellanda e Jenifer Saffi já tiveram alguns encontros com a diretoria da ADUFRGS e consideram que a relação é ótima. 

“A gente tem os mesmos objetivos de defesa da universidade e tem tido uma relação ótima, na minha visão”, principiou Lucia. “Nós recebemos a ADUFRGS em inúmeras situações com o maior acolhimento no meu gabinete, várias vezes conversamos em audiências públicas também.”

De acordo com Lucia, a gestão aumentou o espaço de diálogo com as entidades que representam os trabalhadores da Universidade, tanto nos planejamentos quanto nos momentos de discussão com a comunidade. “Isso é uma coisa que nos enriquece muito. Nossa pretensão é de continuar com o excelente relacionamento que nós temos e sempre discutindo coisas pelo bem comum. Claro que muitas vezes a gente precisa seguir normas que cada vez são mais rigorosas, mesmo que muitas vezes a gente não concorde. Mas a gente nunca vai considerar como uma coisa pessoal quando o sindicato tem uma posição diferente de nós.” 

Assista a live na íntegra: