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Sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Evento tratou do impacto da Ciência na sociedade

A ADUFRGS-Sindical promoveu nesta quarta-feira, 12, o primeiro Conversas na ADUFRGS, atividade que faz parte da campanha lançada pelo sindicato em defesa da Ciência e da Educação, como contraponto aos cortes nas verbas das Universidades e dos Institutos Federais e de fomento à produção científica no país. 

O presidente da ADUFRGS, Lúcio Vieira, falou que este é um primeiro diálogo sobre o papel da ciência, que com certeza terá desdobramentos durante o ano, com diversos encontros para defender o papel da ciência. “Esse momento de diálogo na ADUFRGS só reforça que precisamos continuar falando de ciência”, disse. Para Lúcio, a ideia dos pesquisadores de que a ciência faz parte das políticas de bem-estar social talvez seja um tema que mereça destaque. “Reforçamos, inclusive, em vários espaços internacionais que a Educação deve ser entendida como direito universal. A Ciência deve também ser entendida como um valor universal”.

Com o mote Precisamos falar sobre Ciência o Conversas na ADUFRGS reuniu dois pesquisadores - Maria Luiza Saraiva Pereira (Bioquímica UFRGS) e Luiz Carlos Pinto da Silva Filho (Engenharia UFRGS) - que refletiram sobre o impacto do desmonte da ciência e tecnologia no país. Na avaliação dos professores, a estrutura de ciência e tecnologia está à disposição da sociedade, permanentemente, e por isso mesmo, deveria receber investimentos constantes e não cortes.

“A ciência é o acúmulo de conhecimento da sociedade e precede os partidos. Tem que estar a serviço do homem e tem que sobreviver a governos diferentes”, defendeu Luiz Carlos, diretor da Escola de Engenharia da UFRGS. Para ele, se o país“não mantiver um nível de investimentos básico, compromete o presente e o futuro. Investir em Ciência, é investir no desenvolvimento do futuro, da economia, dos empregos, no bem-estar da sociedade”.

A opinião foi corroborada pela pesquisadora em Neurogenética Maria Luiza Saraiva Pereira, que descreveu as conquistas da ciência como processos de acumulação de saberes, desenvolvidos durante anos, às vezes por grupos em diferentes países. “A gente nunca deveria esquecer que as conquistas são fruto de décadas de pesquisa. No momento em que começamos a retroceder,significa um atraso importante e difícil de medir. Vai ser um estrago muito grande”, disse. Por isso, defendeu, é urgente “lutar contra a diminuição nas verbas de fomento, porque isso representa uma parada (na produção científica do país) e a longo prazo, reflete na vida de cada um dos brasileiros”.

Luiz Carlos ainda complementou que “esse corte de verbas que bloqueia o resultado de décadas de investimento é muito perigoso. Vamos perder uma geração ou algumas gerações” no desenvolvimento científico.

A conversa foi mediada pelo 2º secretário e diretor Social e Cultural da ADUFRGS, Søndre Schneck, professor no Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de Enfermagem da UFRGS. Søndre explicou que a ideia desses eventos no sindicato é justamente aproximar a Ciência do dia a dia da sociedade. Como exemplo, Søndre apontou o caso do coronavírus e os esforços globais de barrar o vírus para mostrar os riscos que o Brasil corre ao cortar investimentos nas universidades, e por consequência, na produção científica no país. 

Confira a íntegra da atividade



“Esse evento é um exercício da campanha que o sindicato faz em conjunto com os docentes de sua base de oferecer à sociedade novas maneiras de comunicar a ciência e trazer a sua importância para a vida, para o dia a dia da sociedade”. Sobre o coronavírus, Søndre lembrou do esforço tecnológico da China de construir um hospital para mil contaminados em 10 dias e tudo que se sabe sobre o vírus até agora e como combate-lo também é fruto de muita pesquisa científica.  

Luiz Carlos defendeu que as pesquisas precisam mesmo dialogar com as demandas da sociedade, as urgentes, mas também as de longo prazo que mirem o futuro. “A ciência básica tem que se transformar em benefício para a sociedade, essa é a missão final que nós temos que ter”, afirmou dizendo “que precisamos ter algum investimento no futuro sem deixar de entender as demandas do presente”.E segundo ele, nessa conversa que a ADUFRGS inicia, fica claro a necessidade dessa conexão. “Ou seja, resolver o presente é necessário, ter uma ciência cada vez mais próxima de produzir conhecimentos que impactem na vida hoje”. 

Maria Luiza observou que nem sempre a importância da Ciência é imediata para quem não é da comunidade científica. “Para nós é tão óbvio dizer que Ciência é importante, acho que o desafio é tentar mostrar isso de uma maneira mais objetiva para a sociedade como um todo. Precisamos de apoio. Ciência é uma questão de Estado, não de um governo. É muito bom sair do local onde nos sentimos confortáveis para conversar e ficar mais próximo de quem está de fora das universidades”.

A continuidade da campanha em defesa da ciência e da educação ocorrerá com o próximo Conversas na ADUFRGS em março com o tema Precisamos falar sobre Mulher na Ciência. 

Campanha Precisamos falar sobre Ciência

Conversas na na ADUFRGS - Precisamos falar sobre Ciência