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Quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Debate foi sobre autonomia e financiamento da Educação Superior na América Latina

Nesta segunda-feira, 25 de novembro, a UFRGS abriu o ciclo de painéis “Autonomia e financiamento das Universidades Públicas”, que faz parte das comemorações dos 85 anos da Universidade. Nesta primeira mesa, realizada na Sala 2 do Salão de Atos, representantes de entidades da Educação Superior de países como Uruguai, Argentina, Paraguai e Costa Rica debateram as semelhanças e diferenças entre o funcionamento das instituições de educação superior na América Latina e no Caribe. A atividade foi coordenada pelo ex-reitor da UFRGS Carlos Alexandre Netto.

O reitor e a vice-reitora da UFRGS, Rui Oppermann e Jane Tutikian, abriram o painel internacional. Em sua fala, o reitor destacou que a autonomia é uma parte fundamental das universidades, mas que, no Brasil, desde 1988, essas instituições nunca obtiveram autonomia plena. “Todas as adversidades que temos no relacionamento com os diferentes governos e na possibilidade de se fazer planejamentos que envolvam a comunidade universitária, esbarram nessa ausência de autonomia. Isso causa um desconforto e um atraso das universidades muito grandes”, afirma Oppermann. “A universidade, como todos sabem, está vivendo um momento crítico. A autonomia é atacada das mais diversas formas e o financiamento vem sendo utilizado como uma demonstração de poder, completou Jane Tutikian. 

A mesa foi composta pelo presidente da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), Gerónimo Laviosa; pelo presidente da União de Universidades da América Latina e Caribe (UDUAL), Henning Jensen; pelo presidente do Conselho Interuniversitário Nacional da Argentina (CIN), Jaime Perczyk; pelo reitor da Universidade da República do Uruguai, Rodrigo Arim; pelo secretário executivo do Espaço Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior, Álvaro Maglia; vice-presidente da Internacional da Educação para América Latina (IEAL), Fátima Silva; e pelo representante da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha (OCLAE), Mateus Fiorentini.

Mercantilização é a grande inimiga da educação pública

A vice-presidente da IEAL (Internacional da Educação para a América Latina), Fátima Silva, que também representou o PROIFES-Federação e a CNTE no painel, lembrou que as universidades vinham passando por um processo de transformação, desde o ano de 2005, que foi interrompido. “Temos uma política de cotas que mostrou, efetivamente, a possibilidade do acesso de negros, de índios, de mulheres e das camadas populares mais pobres dos alunos da rede pública”, afirmou. Segundo ela, a grande inimiga da educação pública, hoje, é a mercantilização. “Essa política que vinha dando certo, foi interrompida desde 2016, dentro de uma lógica de mercado dos serviços públicos. Prova disso, foi toda a mudança do Conselho Nacional de Educação, de onde foram tirados aqueles que realmente entendem e defendem a educação e foram colocados conselheiros voltados ao mercado financeiro”, ressaltou.

Após as exposições dos painelistas, os diretores da ADUFRGS, Eduardo Rolim de Oliveira e Jairo Bolter, fizeram considerações sobre o debate. Eduardo afirmou que a integração Latino-Americana é “muito importante” para a ADUFRGS e para o PROIFES-Federação. “Olhando para os países da América Latina é que conseguimos nos espelhar e entender o que acontece no Brasil. Acreditamos que é ouvindo os reitores e trabalhadores das universidades latino-americanas que a gente se reconhece”, destacou. Além disso, para Rolim, é preciso defender a autonomia universitária, mas é preciso, também, que a sociedade queira defendê-la. “Onde nós erramos que a classe média não acredita mais em nós?”, sugeriu como reflexão. Por sua vez, Jairo Bolter enfatizou que é preciso unicidade entre os países da América Latina para garantir autonomia e financiamento das universidades e combater a mercantilização da educação. “Não podemos olhar o Brasil de forma isolada. Temos que pensar alternativas em conjunto, em eventos como este, para nos unirmos em defesa da educação”, concluiu.

Além dos diretores Eduardo Rolim de Oliveira (tesouraria) e Jairo Bolter (Relações Sindicais), estiveram presentes na atividade o vice-presidente da ADUFRGS, Darci Campani, e os diretores Sônia Mara Ogiba (Comunicação) e Eduardo Silva (Assuntos Jurídicos). O Ciclo de painéis “Autonomia e financiamento das Universidades Públicas” vai até esta quinta-feira na UFRGS. O Painel de encerramento terá a presença de reitores de outras universidades federais. 

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